A gente nunca tem certeza absoluta do impacto que
terá na vida do outro. Se pararmos para pensar, o simples fato de existirmos já
é o suficiente pra transformar completamente a vida de algumas pessoas. É inevitável.
Chegamos neste mundo sem nenhuma lembrança e precisamos descobrir como é que se
faz para escrever uma boa história. Elegemos os personagens principais das
nossas melhores páginas, mas às vezes eles só querem ser figurantes, e somem antes
do próximo parágrafo.
Escolhemos o cenário perfeito, descrevemos e
mentalizamos cada detalhe, muitas árvores e o som da cachoeira, mas às vezes
precisamos nos mudar para longe. Muito longe.
Quando passamos a ser independentes, nossos sonhos se
tornam uma bússola, e vamos descobrindo aos pouquinhos para que lado fica a tal
felicidade. Se temos boas companhias, ouvi dizer, chegamos mais rápido. Às
vezes, o trajeto é escuro e perigoso. Não conseguimos andar na mesma velocidade
que os outros e nos perdemos. Faz frio, chove pra caramba, e as pessoas nem
percebem que ficamos pra trás. Tudo bem, porque nosso corpo precisa descansar,
e uma boa noite de sono coloca quase tudo em seu devido lugar. Quase.
O mundo continua existindo mesmo quando a gente não quer
participar. Isso é assustador, não é? Não somos tão importantes ao ponto de
parar o trem em movimento. Olhamos ao redor em busca de algum lugar para
sentar. Está tão cheio. São todos desconhecidos e não dão a mínima.
“Oi”
E agora não sabemos se devemos dizer ou demonstrar o
que sentimos. É mais fácil ficar em silêncio. Nunca admitir nada. No fundo,
algo nos diz que nossos segredos podem assustar.
Próxima parada: ele desce, você fica.
Olhando na janela, tudo parece muito legal. Poderíamos
descer e passar o resto dos dias em qualquer uma das cidades pelas quais
passamos. Mas é mais confortável ficar sentada observando e imaginando, certo? Errado. Uma hora isso cansa.
Última parada: estação futura.
Precisamos descer imediatamente, mas ainda não sabemos
direito onde estamos. É um lugar novo, mas estranhamente familiar. Tudo aqui
nos lembra alguém, os cheiros, as músicas, o vento, porém não há mais espaço
livre. É como se tivessem preenchido todos os nossos pequenos vazios. Ao nosso
redor, todos possuem pequenas cicatrizes. Não precisamos mais esconder aquilo
que tanto nos incomodou.
Este é o momento.
Respire fundo e olhe para trás. Repare bem no que vê.
Não eram imperfeições. Eram asas. Agora, você não é mais casulo. Você é uma
borboleta. Voe!
Bruna Vieira
Bruna Vieira
E VOCÊ quer aprender a VOAR?
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