domingo, 27 de dezembro de 2015

Desapego e Gratidão para uma vida mais simples em 2016


Desapegar, viver de modo mais simples e demonstrar gratidão pelo recebido este ano é essencial para virar o ano
BRUNA BILL, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO
Gazeta do Povo
25 DE DEZEMBRO DE 2015


Roseli Basso acredita que trabalhar de forma mais cooperativa trouxe mais felicidade a ela. Foto: Luiz Pacheco/Divulgação.
Não é preciso ser supersticioso ou religioso para ter a inevitável sensação de inquietudeque a virada de ano provoca. É a época ideal para refletir sobre as conquistas e decepções do ano que se encerra, mas também a oportunidade de encarar a própria vidade um modo novo. “Aceitar e superar as frustrações ajuda a seguir em frente, senão a gente fica parado”, diz a psicóloga Márcia Dallagrana, para quem o desapego, seja com objetos, pessoas, situações ou sentimentos, é chave para uma vida mais simples.
A coach Cilene Nara afirma que a frustração é muito comum quando estabelecemos planos e metas inalcançáveis. “Focar no que não conseguimos e esquecer de olhar para o que já têm é algo que frustra”. Neste sentido, a gratidão é o grande segredo das pessoas que vivem felizes. “Não é só agradecer as conquistas, mas também o que não se conquistou. Celebre o que você é, onde está e o que tem. É uma forma simples de transformar o pensamento negativo em positivo”, diz Márcia Dallagrana.
Essa mudança de comportamento surge em pequenas ações. “É uma questão de atitude. Seja feliz no lugar em que você se encontra, no agora”, diz Márcia Dallagrana. Olhar para si também é importante para se autoconhecer e despertar para uma vida mais plena. “A gente nunca consegue ser feliz se ficarmos nos comparando aos outros, olhando para o exterior. Olhe para dentro de si, descubra suas limitações e oportunidades de ser alguém melhor”, aponta Cilene.

Autoconhecimento

Para o fisioterapeuta e professor de ioga Bruno Trindade, de 32 anos, a insatisfação com o modelo tradicional de trabalho foi um dos chamados para o caminho do autoconhecimento e da realização de propósitos mais significativos na vida. “Conforto não é ter carro do ano, para mim é ir trabalhar de bicicleta, respirando ar puro, me movimentando. É inegável que vivemos cada vez mais no automático, e que tentar olhar as coisas por outro prisma às vezes parece loucura”, explica.
Além de dar aulas de ioga na sala de seu apartamento, Trindade lançou uma marca de camisetas, a I Am Who I Am – Spiritual Clothing, com estampas e símbolos que evocam a busca pelo despertar da consciência. Segundo ele, sair do piloto automático é o primeiro passo para uma vida mais simples. “Com esse autoconhecimento se desconstrói egos e as limitações, e ser simples vira algo natural”.

Bruno Trindade diz que sair do piloto automático é o primeiro passo para uma vida simples. Foto: Rodrigo Sóppa / Gazeta do Povo.
Propósito

Roseli Basso, do Instituto História Viva, fez essa mudança a partir da vontade de influenciar o ambiente ao seu redor e contribuir de forma realmente significativa. “Fazer uma reflexão diária sobre o que nos move é um passo para começar a ouvir mais a sua voz interior e ter atitudes que façam sentido fora dessa loucura em que vivemos”, diz ela.
Foi assim que Roseli decidiu largar o emprego em São Paulo e veio morar em Curitiba, buscando mais simplicidade em sua vida. “Nosso trabalho não tem segredo, contar histórias é algo simples, mas que tem uma importância incrível na vida das pessoas.” Para ela, as pequenas ações podem ter um grande impacto na transformação do ambiente. “Para mim tudo tem um propósito. Contar histórias, estar presente e trabalhar de maneira cooperativa é um chamado que todos estão sentindo, a necessidade do momento em que vivemos exige essa renovação das nossas atitudes”.

Por uma vida mais simples
Veja hábitos que ajudam a viver de modo mais pleno
1.Foque no presente. No livro O poder do agora, o autor alemão Eckhart Tolle diz que a mente humana foge do presente, voltando a sofrimentos do passado ou criando um futuro idealizado. Abandone a racionalização excessiva e viva os momentos em plenitude. Seja consciente e agradeça pelas coisas e pessoas como elas são agora.
2.Fortaleça os laços afetivos. Presentes e outras coisas materiais não se equivalem a um olhar sincero, um abraço acolhedor ou uma conversa compreensiva. Se interesse pelas pessoas e suas histórias, há sempre algo para ser aprendido e bons sentimentos para serem espalhados. Valorizar o humano e o afeto apazigua nossas emoções.
3.Reserve tempo para você. Comece por exercícios que promovam meditação ativa, em que você não fica parado, mas entra em contato consigo mesmo. Vale caminhar, fazer ioga, dançar, entrar em contato com a natureza, ouvir uma música ou ler um livro. São momentos importantes para se conectar com seu interior e perceber seus sentimentos.
4.Monitore suas emoções. Não aja no automático. Reflita sobre suas relações com as pessoas e sua reação diante das situações que se colocam em sua vida. Raiva, rancor e tristeza evocam feridas profundas que precisam ser investigadas e resolvidas. Só com essa observação e esse autocontrole se mantém constante a vontade de melhoria para deixar a vida mais leve e feliz.
5.Agradeça sempre. Quando estamos frustrados com o passado ou ansiosos com o futuro, deixamos de olhar o mundo ao nosso redor. Muitas expectativas e reclamações puxam a energia da vida para baixo. Mesmo quando as coisas não acontecem da maneira como gostaríamos, a gratidão pelo aprendizado é algo que nos permite superar sofrimentos e seguir em frente.
Fonte: Entrevista, Psicóloga Márcia Dallagrana, concedida para Jornalista Bruna Bill para o Viver Bem da Gazeta do Povo.

GRATIDÃO é Celebrar cada momento, celebrar o que se conquistou e o que não se conquistou CELEBRAR O QUE SE TEM e o que se quer, celebrar quem somos, celebrar a vida. É uma bela forma de agradecer. ‪#‎vidasimplespratodosnós 



terça-feira, 3 de novembro de 2015

Quem quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma desculpa!!!!


Iandê Albuquerque
Quem quer não adia, aparece. Quem quer te ver agora, não vai deixar pra amanhã, mesmo que a distância seja incalculável ou já seja tarde pra isso. Quem quer, não deixa pra depois o que pode ser feito agora. Quem quer ficar, fica sem que a gente precise implorar. Quem quer cuidar, simplesmente cuida. Quem quer, provavelmente não vai suportar a saudade, não vai poupar sentimento e entrega pra te ter.
Quem quer, arruma um jeito. Quem sente vontade, faz saudade virar encontro, faz cinema virar motel, faz o cansaço virar amasso, faz dias frios mais quentes. Quem quer é capaz de viajar 100 quilômetros só pra te ver, e não interessa se o tempo fechou tão rápido, quem quer não vai pensar duas vezes em te ver hoje ou deixar pra próxima semana. Quem quer, não vive de conversas, não perde tempo, não arruma mil e uma desculpas pra justificar que não vai dar pra te ver hoje porque o dia foi cansativo demais.
Quem tem saudade do teu sorriso não se contenta só em ouvir a tua voz pelo celular, quem quer estar com você sentirá necessidade de te ver pra conversar sobre como foi o seu dia, sobre todas as coisas que te fez perder a cabeça e vai entender que é melhor te abraçar nos momentos mais difíceis do que te mandar um ”fica bem” por mensagem. Quem quer te fazer bem, vai bater na tua porta com chocolates que comprou no meio do caminho pra tua casa e cervejas – é que o dinheiro era pouco e o vinho era caro. Quem quer realmente te ver, não esperará por um feriado ou por dias melhores que não tenham provas, nem muito trabalho pra fazer.


Quem quer te ver, não vai se lamentar, vai vestir a roupa mais próxima e sair com sorriso mais sincero ao teu encontro. Quem quer, não vai reservar um tempinho pra você ou um horário fixo pra te ver, vai te reservar a vida e vai te ensinar que quando a gente ama, a gente não mede esforços, a gente não quer o outro pra preencher aquele espaço que sobra na cama ou aquele tempo vago nos finais de semana. Quando a gente quer, a gente aceita o outro pra somar na vida, pra abrigar e torna-se abrigo, pra unir dois mundos.
Quem quer ficar, vai fechar os olhos em teu peito e permitir, sem medo, acordar só noutro dia. Quem quer, vai fazer corpo mole pra não levantar da cama e não sair da tua vida, vai roubar tuas manhãs, vai jogar os braços por cima de você e quando você perguntar se a posição da tua cabeça tá doendo nele, ele vai te responder que não. Quem quer ficar na tua vida, não pensará duas vezes antes de entrar. Ficará pro café da manhã e se possível pro jantar, é que o gosto do teu beijo vicia e ele seria burro em não prová-los ao máximo.

Quem quer ficar, vai encostar a cabeça em teu ombro e vai te deixar descobrir todos os medos e segredos, erros e defeitos, vai apertar a tua mão pra tentar te dizer algo em silêncio, e vai se despedir de você sem te tirar nada, te permitindo a liberdade e te deixando com aquela sensação de querer viver tudo e mais um pouco ao lado dela. Quem quer você, tem vontade de te repetir, de tomar todos os gostos com teu sabor, de provar todas as aventuras com você sem te dizer que precisa pensar, sem te dizer: ”hoje não dá”, ”deixa pra amanhã”, ”não tô a fim”. Porque quem quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma desculpa.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

CENOURA, OVO OU CAFÉ?!!!


Uma jovem foi conversar com sua avó, e contou como as coisas estão difíceis em sua vida.  Ela já não sabia mais o que fazer e queria desistir. Estava cansada de lutar e combater. Parecia que assim que um problema estava resolvido um outro surgia.
Sua avó, levou-a até a cozinha. Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas em fogo alto. Em uma ela colocou cenouras, em outra colocou ovos e, na última pó de café. Deixou que tudo fervesse, sem dizer uma palavra. A neta deu um suspiro e esperou impacientemente, imaginando o que ela estaria fazendo.
Cerca de vinte minutos depois, ela apagou o fogão. Colocou as cenouras em uma tigela e os ovos em outra. Então pegou o café com uma concha e o colocou em uma terceira tigela. Virando-se para a neta, perguntou:
- "Querida, o que você está vendo?"
- "Cenouras, ovos e café," ela respondeu.
Sua avó trouxe as tigelas mais para perto e pediu-lhe para experimentar as cenouras. Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias.  A avó, então, pediu-lhe que pegasse um ovo e o quebrasse. Ela obedeceu e depois de retirar a casca verificou que o ovo endurecera com a fervura. Finalmente, ela lhe pediu que tomasse um gole do café. Ela sorriu ao provar seu aroma delicioso.
- "O que isto significa, vovó"
a avó explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade, a água fervendo, mas que cada um reagira de maneira diferente. Disse:
- A cenoura entrara forte, firme e inflexível, mas depois de ter sido submetida à água fervendo, ela amolecera e se tornara frágil. Os ovos eram frágeis - sua casca fina havia protegido o líquido interior, mas depois de terem sido fervidos na água, seu interior se tornara mais rijo. O pó de café, contudo, era incomparável; depois que fora colocado na água fervente, ele havia mudado a água.
Ela perguntou à neta:
- "Qual deles é você, minha querida? Quando a adversidade bate à sua porta, como você responde? Você é como a cenoura que parece forte, mas com a dor e a adversidade você murcha, torna-se frágil e perde sua força? Ou será você como o ovo, que começa com um coração maleável, mas que depois de alguma perda ou decepção se torna mais duro, apesar de a casca parecer a mesma?
Ou será que você é como o pó de café, capaz de transformar a adversidade em algo melhor ainda do que ele próprio?"

- Somos nós os responsáveis pelas próprias escolhas. Cabe a nós, somente a nós, decidir se a suposta crise irá ou não afetar nosso rendimento profissional, nossos relacionamentos pessoais, nossa vida enfim. Ao ouvir outra pessoas reclamando da situação, ofereça uma palavra positiva. Mas você precisa acreditar nisso. Confiar que você tem capacidade e tenacidade suficientes para superar mais este desafio.

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Todo consultório de um terapeuta é um verdadeiro jardim!


Marcela Bianco 

Costumo imaginar que o consultório de um terapeuta é como um verdadeiro jardim! Nele chega todo tipo de flor, planta e arbusto, cada qual em uma fase diferente de desenvolvimento.
Algumas plantinhas são praticamente recém-nascidas da terra, árvores pequeninas que por razões diversas já encontram dificuldades em desenvolver troncos saudáveis e raízes fortes, para assim seguir adiante crescendo.
Outras vêm em franca fase de florescimento, árvores jovens e que deveriam estar cheias de vida e sonhos para frutificar, mas que se sentem perdidas, frágeis e com medo do que aconteceria se seus galhos começassem a crescer e ganhar altura. Temem, por exemplo, que suas raízes sejam arrancadas do chão, ou que os galhos lhe pesem sobre o corpo, ou ainda que os frutos ou flores que irão dar ao mundo não sejam belos, apetitosos e apreciados por quem os veja ou os colha.
Algumas chegam em pleno outono, depressivas pelas perdas das folhas, pelo clima gélido de seus corações, pelo medo de não mais produzirem ou voltarem a florescer novamente. Entre essas, há muitas árvores calejadas pela vida, que já passaram por muitas podas e já serviram de abrigo para todo tipo de bichinho da natureza… cuidam de todos, menos de si mesmas.
       Aparecem também plantinhas aparentemente frágeis, dessas que a gente nem entende bem como conseguem resistir à climas áridos, aos ventos fortes e às tempestades. Mas, que pelo poder da própria natureza sobrevivem bravamente e continuam persistindo para encontrar a luz, a calmaria e a felicidade.
Vez ou outra, surgem algumas que curiosamente desenvolveram seus galhos, mas esqueceram-se das raízes. Parecem verdadeiras árvores flutuantes. Sonhadoras, elas estão sempre em busca de uma nova aventura e ávidas por mudanças. Mas, por falta justamente de raízes que nutram suas vidas, acabam não conseguindo se firmar ao chão e, com isso, realmente se desenvolver. Correm o risco de nada realizarem e ficarem só na imaginação.
E chegam tantas outras para serem cuidadas, cada qual com sua especificidade, que não haveria palavras suficientes para descrevê-las. Mas, entre tantas variedades, todas trazem algo em comum: o desejo de se curarem, de se transformarem e desenvolverem-se em todo seu potencial.

E, para isso, entregam-se aos cuidados de um jardineiro/terapeuta, confiantes de que ele saberá o que fazer para ajuda-las.
Neste encontro profundo, terapeuta e paciente necessitarão confiar na natureza, compreender seu ritmo e seu processo. Entender que mesmo os sintomas e os caminhos tortuosos que percorrem os galhos e as raízes, são partes de uma tendência para se alcançar o equilíbrio e a sustentação da vida.
         Ambos terão que suportar todo tipo de adversidade: as tempestades de sentimentos negativos; os momentos de seca em que se farão presentes os silêncios e a diminuição do volume das águas da expressividade emocional; as dores dos espinhos que crescem devido aos traumas; as podas necessárias para que os padrões antigos deem espaço para o crescimento e florescimento de novos comportamentos, as chuvas frequentes que encharcam o terreno de lágrimas; e tantas outras variações que fazem parte dos ciclos da natureza.
       Mas, também viverão momentos de profunda conexão e alegria! Neles sentirão em suas almas a chegada da primavera e o florescimento de um novo Ser, mais pleno, forte, realizado e capaz de cuidar-se e amar-se profundamente. Momento de contemplação, colheita e nova semeadura, com a chegada das borboletas, das abelhas e dos passarinhos que farão a polinização.
E assim, o terapeuta sente que seu trabalho de jardineiro está concluído. E, com isso, se regozija por ter sido expectador e testemunha de tão bela transformação!
Não podemos perder de vista que, para cumprir sua tarefa, o jardineiro precisará, todos os dias, fazer do seu jardim, um terreno fértil ao desenvolvimento de tudo que ali cresce. Precisará ir a fundo no conhecimento da alma humana, assim como bom jardineiro é conhecedor de todo tipo de vegetação.
Isso renderá longas horas de estudo, muitas pós-graduações, horas de análise e supervisão. Também precisará de “bagagem”, aperfeiçoando suas técnicas e ferramentas de trabalho, e enriquecendo-se com as experiências de sua própria vida e com as vivências trazidas pelas trocas com cada paciente que cruzar seu caminho. Tudo isso lhe servirá como o adubo que fertiliza o solo e proporcionará os meios necessários para garantir a nutrição e o desenvolvimento de tudo que nascer em seu jardim.

Na minha experiência como terapeuta/jardineira tenho visto muitas árvores ganharem raízes fortes, galhos frondosos, flores belíssimas e frutos saborosos. Assim, como vejo, a partir de cada troca e relação, brotarem em meu próprio jardim interno novas raízes e flores, que me tornam cada vez mais plena e mais humana.

Espero um dia, como todo terapeuta, que as sementes espalhadas dêem uma linda floresta, onde tudo possa viver expansão e equilíbrio. Pois ser jardineiro é também sonhar com um mundo onde cada plantinha tenha seu espaço e seu valor!

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Conversando com o meu coração sobre o medo de amar


                                                                                                        
Frederico Elboni 
Sou amor com medo, ou, solidão consciente? Pouco me arrisco, mas, ainda continuo riscando nomes. Lembro da saudade de amar, converso com meu coração e me pergunto, em silêncio, como será daqui pra frente. Digo a ele, com esperança, que espero um dia conseguir me abrir e tirar o fantasma vestido de orgulho que tanto me habita. Sei que a maturidade nos dá o caminho, mas, os receios e traumas nos deixam mudos perto do amor que está por vir.
Espero um dia voltar a ser calmaria e amor. Espero também receber compressão de mundo quando meu sorriso for pequeno. Espero que a dor não seja mais consequência do ressacar das minhas emoções. Espero que meus ombros se tornem leves quando o deitar for necessidade. Espero até demais… Não queria esperar tanto. O amor se torna inconjugável com o esperar.

Que o amor venha e deixe a dor virar vento de outono nesse coração que, mesmo não admitindo, tanto anseia pelo verão. Mas, que venha como surpresa. E, diferente de filmes de comédias românticas, nos surpreenda no final. Nos faça calar a boca, e por mais antagônico que seja, gritar quarteirões como o desamar é burrice.

Então ame, enquanto o amor ainda conversa com você. Ame enquanto a saudade ainda brinca de aparecer. Ame enquanto a solidão não se tornou constante. Ame enquanto… Só ame, esqueça o enquanto. Por enquanto.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Fique com alguém que não tenha dúvidas

Imagem: Marcio Jose Albani Filho

12 de Junho de 2015

Marina Barbieri
Quando a gente quer muito uma pessoa, a gente se engana. A gente tenta encaixar aquele outro ser humano em posições que nunca foram dele. A gente clama ao universo para um sim em algo que já começou destinado ao não. A gente quer, e a gente bate o pé e faz pirraça feito criança para conseguir. Mas um dia a gente percebe que amor tem que ser uma via de mão dupla. Amor tem que ser fácil, tem que ser bom, tem que ser complemento, tem que ser ajuda. Amor que é luta é ego. Amor que rebaixa é dor. E então a gente aprende que amor que não é amor, não encaixa, não orna, não serve.
Fique com alguém que não tenha conversa mole. Que não te enrole. Que não tenha meias palavras. Que não dê desculpas. Que não bote barreiras no que deveria ser fácil e simples. Fique com alguém que saiba o que quer e que queira agora.
Fique com alguém que te assuma. Que ande com orgulho ao seu lado. Que te apresente aos pais, aos amigos, ao chefe, ao faxineiro da firma. Que segure a sua mão ao andar na rua. Que não tenha medo de te olhar apaixonadamente na frente dos outros. Fique com alguém que não se importe com os outros.
Fique com alguém que não deixe existir zonas nebulosas. Que te dê mais certezas do que perguntas. Que apresente soluções antes mesmo dos questionamentos aparecerem. Fique com alguém que te seja a solução dos problemas e não a causa.
Fique com alguém que não tenha traumas. Que não tenha assuntos mal resolvidos. Que saiba que para ser feliz, tem que deixar o passado passar. Fique com alguém que só tenha interesse no futuro e que queira esse futuro com você.


Imagem: Marcio Jose Albani Filho


Fique com alguém que te faça rir. Que te mostre que a vida pode ser leve mesmo em momentos duros. Que seja o seu refúgio em dias caóticos. Fique com alguém que quando te abraça, o resto do mundo não importa mais.
Fique com alguém que te transborde. Que te faça sentir que você vai explodir de tanto amor. Que te faça sentir a pessoa mais especial do universo. Fique com alguém que dê sentido à todos os clichês apaixonados.
Fique com alguém que faça planos. Que veja um futuro ao seu lado. Que te carregue para onde for. Que planeje com você um casamento na praia, uma casa no campo e um labrador no quintal. Fique com alguém que apesar de saber que consegue viver sem você, escolhe viver com você.
Fique com alguém que não se esconda. Que não te esconda. Que cada palavra seja direta e clara. Que não dê brechas para o mal entendido. Que faça o que fala e fale o que faça. Fique com alguém cujas palavras complementam suas ações.
Fique com alguém que te admire. Que te impulsiona pra frente. Que te apoie quando ninguém mais acreditar em você. Que te ajude a transformar sonhos em realidade. Fique com alguém que acredite que você é capaz de tudo aquilo que queira.
Fique com alguém que você não precise convencer de que você vale a pena. Que não tenha dúvidas. Fique com alguém que te olhe da cabeça aos pés e saiba, sem hesitar, que é você e só você.
Fique com alguém que te faça olhar para trás e agradecer por não ter dado certo com ninguém antes. Fique com alguém que faça não existir mais ninguém depois.

Imagem: Marcio Jose Albani Filho

“- Existe uma palavra em alemão: Lebenslangerschicksalsschatz. E a mais próxima tradução seria ‘O tesouro do destino ao longo da vida.’ E Victoria é  ’wunderbar’, mas ela não é minha Lebenslangerschicksalsschatz. Ela é minha Beinaheleidenschaftsgegenstand, sabe? Isso significa ‘Aquilo que é quase aquilo que você quer, mas não completamente.’ E é isso o que Victoria é pra mim.
– Mas como sabe que ela não é Lebenslangerschicksalsschatz? Talvez com o passar dos anos ela se torne mais Lebenslangerschicksalsschatz.
– Não, não, não. Lebenslangerschicksalsschatz não é algo que se desenvolve ao longo do tempo, é algo que acontece instantaneamente. Atravessa você como água de um rio depois da tempestade, preenchendo e esvaziando você ao mesmo tempo. Você sente isso em todo o seu corpo. Nas suas mãos. No seu coração. No seu estômago. Na sua pele. Já se sentiu assim com alguém?
– Acho que sim.
– Se tem que pensar a respeito é porque não sentiu.
– E tem absoluta certeza que encontrará isso um dia?
– É claro. Eventualmente todo mundo encontrará. Só que nunca saberá onde ou quando.”


(How I Met Your Mother)

segunda-feira, 25 de maio de 2015

O leite só ferve quando você sai de perto


Fabíola Simões

Em meados dos anos 80, lá em Minas, o costume era comprar leite na porta de casa, trazido pela carroça do leiteiro, que vinha gritando “Ó o lêeeeeite!!!”.
Minha mãe corria porta afora e o leite fresquinho, gorduroso e integral era despejado na leiteira para nosso consumo. Porém, era um leite impuro, não pasteurizado, e necessitava ser fervido antes de consumir.
No início, minha mãe tinha um ritual no mínimo interessante para esse evento: Colocava o leite na fervura e saía de perto. Literalmente esquecia. Simplesmente I.g.n.o.r.a.v.a.
É claro que o leite fervia, subia canecão acima e despencava fogão abaixo. Eu era criança, e quando via a conclusão do projeto, gritava: “Mãe!!! O leite ferveu!!! Tá secaaaannndo…” e ela vinha correndo, apavorada, soltando frases do tipo “Seja tudo pelo amor de Deus…” e desandava a limpar o fogão, o canecão, e ver o que sobrou do leite pra tudo se repetir no dia seguinte, tradicionalmente.
Até hoje não entendo o porquê desta técnica. Parecia combinado, tamanha precisão com que ocorria. Mais tarde, ela mudou de estratégia. Eu já era maiorzinha e podia ficar perto do fogo. Assim, ficava ao lado do fogão, de olho no leite esquentando pra desligar assim que a espuma subisse, impedindo que transbordasse. Foi assim que aprendi uma grande lição:
O leite só ferve quando você sai de perto.
Não adianta ficar sentada ao lado do fogão, fingir que não está ligando; até pegar um livro pra se distrair. É batata: ele não ferve. Parece existir um radar sinalizador capaz de dotar o leite de perspicácia e estratégia. Porque também não basta se afastar fingindo que não está nem aí. O leite percebe que é só uma estratégia. E só vai ferver (e transbordar) se você esquecer DE FATO.
A vida gosta de surpresas e obedece à “lei do leite que transborda”: Aquilo que você espera acontecer não vai acontecer enquanto você continuar esperando.
Antigamente o sofrimento era ficar em casa aguardando o telefone tocar. Não tocava. Então, pra disfarçar, a gente saía, fingia que não estava nem aí (no fundo estava), até deixava alguém de plantão. Também não tocava. Porém, quando realmente nos desligávamos, a coisa fluía, o leite fervia, a vida caminhava.

Hoje, ninguém fica em casa por um telefonema, mas piorou. Tem email, msn, facebook, whatsApp, e por aí vai. O celular sempre à mão, a neurose andando com você pra todo canto. E o leite não ferve…
Acontece também de você se esmerar na aparência com esperança de esbarrar no grande amor, na fulana que te desprezou, no canalha que te quer como amiga. Então ajeita o cabelo, dá um jeito pra maquiagem parecer linda e casual, capricha no perfume… e com isso faz as chances de encontrá-lo(a) na esquina despencarem. Esqueça baby. O grande amor, a fulaninha ou o canalha estão predestinados a cruzarem seu caminho nos dias de cabelo ruim, roupa esquisita e vegetal no cantinho do sorriso.
Do mesmo modo, se quiser engravidar, pare de desejar. Não contabilize seu período fértil e desista de armar estratégias pro destino. Continue praticando esportes radicais, indo à balada, correndo maratonas. Na hora que ignorar de verdade, dará positivo.
A vida como o leite não está nem aí pra sua pressa, pro seu momento, pra sua decisão. Por isso você tem que aprender a confiar. A relaxar. A tolerar as demoras. A não criar expectativas. A fazer como minha mãe: I.g.n.o.r.a.r…

E lembre-se: Tem gente que prefere ser lagarta a borboleta. Sem paciência com os ciclos, destrói seu casulo antes do tempo e não aprende a voar…

sábado, 2 de maio de 2015

CULPA E RESPONSABILIDADE



“Como culpar o vento pela desordem feita, se fui eu que esqueci a janela aberta?
Deixei as probabilidades da minha irresponsabilidade tomar conta de tudo a minha volta.
Sou eu a verdadeira desordeira do caos, não há como negar...
Escolhi deixar o acaso tomar conta de mim,
Ilusões criadas e organizadas de forma desconexa e simples pela minha mente insana.
Que por falta de emoção do cotidiano, não tinha ideia da invasão do vento perfumado que bagunçaria minha calma e serena cotidiana vida.
E agora o que fazer depois que o vento  se vai?
Abro novamente a janela a espera que retorne.
Abro a janela na esperança que sinta saudades.
Abro a janela para que volte a me bagunçar.
Abro a janela e espero, o caos,  o perfume, e o som.

Abro a janela...” 
AD

domingo, 8 de março de 2015

MULHER DE FASES





Márcia Dallagrana
08 de Março de 2015
Mulher de fases é aquela que independente da idade, começa a rever seus valores, a se reconstruir.
É uma mulher madura que sente alguns medos: do envelhecimento, da solidão, da morte, de não ter filhos, de ficar num casamento “ruim”, da separação, de ver os filhos indo embora, de não ser desejada, das transformações do corpo, do coração...
A mulher de fases se da conta que boa parte da sua vida já passou, começa uma luta interna para lidar com todas essas inseguranças que não passam de fantasias criadas por sua própria imaginação.
A mulher de fases começa a sentir que algo não vai bem, sente-se confusa, com uma sensação de perda, mas não sabe muito bem o que, quando, onde, como e pra que tudo isso esta acontecendo.
Todas as mulheres irão vivenciar essas fases em algum momento da sua vida com maior ou menor grau de intensidade.
Se a mulher consegue perceber essas fases, ela tem condições de passar por elas de forma saudável e funcional e até transformar dificuldades em oportunidades, virar o jogo, fechar alguns ciclos e abrir caminho para novas aprendizagens.
A mulher de fases é aquela que decide amadurecer, rever, sua forma de ver e viver a vida.
O grande desafio é mudar seu estilo de vida, sua forma de pensar, agir, sentir, ser...
Enfrentar suas próprias contradições emocionais aceitações, rejeições, sentimentos conflituosos que te fazem permanecer adormecida, sem enxergar uma saída.

Como transformar dificuldades em aprendizagens?
Parar de lutar contra si mesma. Transformar uma postura queixosa em uma postura de gratidão pela própria vida. Fazer as pazes com sua autoestima, acreditar ser merecedora de ser amada por você mesma.
Para conquistar o amor próprio é necessário ter controle sobre suas próprias fantasias, insatisfações, frustrações, justificativas, álibis.
Ao passar por essas fases cada mulher encontrará seu jeito próprio de estar bem consigo mesma, o importante é avaliar se a qualidade de sua vida, permite realizar escolhas com leveza e funcionalidade.
Uma mulher de fases sabe que tem poder para cuidar da própria vida.
Sente-se segura para agir e estar no mundo, com postura alegre e confiante, contagiando todos a sua volta, ajudando outras mulheres a encontrar seu próprio caminho.
Uma mulher de fases se permite ser jovem enquanto velha e velha enquanto jovem. É sabia, corajosa e feliz.


quinta-feira, 5 de março de 2015

A NOVA GERAÇÃO DE PAIS QUE MIMAM




Isabella Ianelli

Se observamos há algum tempo uma geração criada à base de leite e pêra, cercada de mimos, já era de se esperar que estes homens mimados uma hora se tornassem pais.
Frutos de uma classe média zelosa e protetora, estes pais (e aqui me refiro também às mães) agora exercem suas facetas mimadas no cuidado com os filhos. Este comportamento egoísta e mesquinho passa a ser exacerbado e levado ao extremo quando envolve crianças ditas inocentes, doces, meigas e suaves.
Para os pais mimados que mimam será parte de sua missão aqui na terra livrar seu filho de qualquer empecilho e obstáculo natural e necessário, tal qual como tédio, bagunça, tio chato, normas da sociedade, rituais da nossa cultura etc. Para um pai mimado, a vontade do filho não precisa ter limites.
A seguir alguns dos principais comportamentos na relação que os pais mimados estabelecem com seus filhos.

Eles fazem da criança o centro da casa

Talvez uma das principais características dos pais que mimam seja o fato de a rotina da casa ser adequada de acordo com as vontades da criança. Cadeirão da comida na frente da televisão, horários não determinados, cadeira distrativa para entreter o bebê, produtos, acessórios, engenhocas específicas, tudo essencialmente voltado para ele. E para a loucura da casa.

Em French Children Don’t Throw Food, Pamela Druckerman conta o que faz das crianças francesas mais comportadas. Entre pesquisas, entrevistas e exemplos, a autora mostra que o fato dos pais franceses não tratarem as crianças como centro da casa é essencial para que elas entendam que se adequarão a um modelo já existente – e não o contrário! Tratar a criança como o centro da rotina de toda a casa é a base de uma educação de mimados para mimados.
“Para a geração de meus avós e de meus pais, a vida dos adultos não devia ser decidida em função do interesse das crianças, até porque o principal interesse das crianças era sua transformação em adulto” –Contardo Calligaris

Eles acreditam que criança só come bife e batata frita
Com certeza ele já tem idade para saber o que é mais saudável.
Por terem suas vontades tomadas como verdade absoluta, é claro que estas crianças não comeriam o que os pais comem. Ou porque é temperado demais, ou porque tem vegetais e uma vez ele recusou ou porque, veja só, Pedrinho só come macarrão com manteiga, não aceita outra coisa.
Cada vez mais comum nos restaurantes, o cardápio kids fica sempre entre opções não muito criativas: macarrão, bife, batata frita. E se mesmo assim a criança recusa o almoço, existe um leque de industrializados que será oferecido em pouco tempo para que o pimpolho não passe fome: bolacha, salgadinho, achocolatado, sucos açucarados…
Além de nada saudável, isto é um alerta de mimo: criança come o que você ensina a comer. É muito mais simples achar sabor num macarrão do que, de cara, numa couve-flor.

Lição de casa para os pais que tendem a mimar: ler os escritos de Pat Feldman a respeito dos pequenos e entender que o gosto pela comida é construído. Conjuntamente, na mesa de refeição, estimulando que experimentem, entendendo o apetite da criança e respeitando seu gosto. Sempre ensinando que parte importante da refeição é o convívio com os outros e demonstrando respeito pela comida que foi feita em casa e que será a base da refeição de todos que por ali moram.



Eles não conversam, distraem

É comum olhar para o lado no restaurante e encontrar uma criança hipnotizada por um iPad. Ou no carro com iPod e fones, alheia às interações do ambiente ou à ausência delas. Aliados dos pais mimados, as engenhocas tecnológicas ajudam a criança a não se frustrar, não lidar com o tédio de um restaurante repleto de adultos, de um carro sem atrativos, de uma vida inteira que às vezes não tem grandes aventuras mesmo.

Mas, ora, por mais que pais se esforcem para preencher este vazio intrínseco aos filhos, ele não será preenchido. Proteger um filho é uma missão fadada ao fracasso, já atestou Eliane Brum.

Eles não confiam na escola

Julio Groppa Aquino diz que nós, educadores destes tempos modernos, nada mais somos do que babás. “Babás+”, foi o termo engraçadinho sugerido por ele para colocar em pauta esta realidade de pais que não querem saber das relações, dos aprendizados, do ensino, das evoluções de suas crianças. Exigem em primeiro lugar que sua cria seja mimada pela escola, aplaudida a todo momento, nunca confrontada.

Não confiar em quem se confiou a educação dos filhos é uma grande insegurança, certamente um sinal de pais mimados. Nota baixa é culpa do professor, comportamento ruim é culpa da escola e a comunidade é cruel e não ideal para ensinar seu filho a lidar com a vida.

Antes a criança respondia à escola, agora é a escola que responde à criança.

Eles elogiam muito a cria

Prática comum entre os pais zelosos, elogiar a criança faz bem, aumenta sua autoestima, favorece o desenvolvimento da criança, dá segurança, correto? Errado.

No livro Filhos: novas ideias sobre educação, Po Bronson e Ashley Merryman contam de recentes pesquisas que mostram, entre outras coisas, o poder inverso do elogio.
A explicação é muito simples: assegurar a todo momento que seu filho é inteligente faz com que a criança se torne insegura desta sua condição. E, por medo de errar e perder o título da inteligência, a criança passa a arriscar menos e a se esconder atrás desta máscara. Cheia de inseguranças e com um batalhão de elogios vazios (que recebeu sem perceber seus esforços), está aí um bom início de frustração para o pimpolho.
Em comum, o que todos estes tópicos têm é que tratam a criança como um frágil cristal. Delicada, fruto de uma imaginação romântica de pureza, incapaz de lidar com qualquer obstáculo. Sabemos que frustração é algo que ninguém quer para sua cria. Mas é só o que a vida garante.


Que tal começar a criar seu filho para o mundo?